FOLHA
Sem espaço no partido, Serra quer 'comparação' direta com senador mineiro
Em terceiro lugar no Datafolha, Aécio espera crescer com maior exposição na televisão em setembro
A ascensão da ex-senadora Marina Silva na corrida presidencial e o desempenho tímido do senador mineiro Aécio Neves (PSDB) reavivaram antigas divisões no principal partido da oposição sobre a melhor maneira de enfrentar a presidente Dilma Rousseff nas eleições de 2014.
Os resultados da mais recente pesquisa do Datafolha, divulgados ontem, mostram que o senador mineiro perdeu quatro pontos no cenário mais provável. Marina Silva foi a única candidata no campo da oposição que avançou, indo de 23% para 26%.
Aécio teve desempenho inferior ao do ex-governador paulista José Serra (PSDB), que perdeu duas eleições presidenciais para o PT e pensa em se candidatar de novo em 2014. A pesquisa divulgada ontem é a primeira do Datafolha em que Serra é testado.
Serra disse ontem que deseja uma "comparação" direta com o mineiro. "Independente de ser candidato ou não, a pesquisa não permite uma comparação adequada entre mim e Aécio", afirmou. "Fica evidente como o quadro sucessório é mutante."
Sem mencionar os rivais, Aécio afirmou que os números do Datafolha refletem o maior conhecimento dos candidatos que disputaram eleições anteriores, como Serra e Marina. "É a informação mais relevante", disse o senador.
A pesquisa mostra que 77% do eleitorado conhece Aécio, 87% conhecem Marina Silva e 96% sabem quem Serra é.
Desde que assumiu a presidência do PSDB, em maio, Aécio ganhou projeção para construir sua candidatura. Ele deverá ser a estrela dos programas que o PSDB exibirá em cadeia de rádio e televisão em setembro, no espaço reservado pela legislação para a propaganda dos partidos.
Sem espaço no PSDB, Serra estuda a possibilidade de mudar de partido para concorrer às próximas eleições. Os números do Datafolha mostram que isso dividiria ainda mais o eleitorado tucano, prejudicando ele e Aécio.
Serra foi convidado neste ano a se filiar ao PPS para se candidatar a presidente. Ele tem cogitado até a possibilidade de disputar uma prévia no PSDB com Aécio, embora saiba que o senador tem hoje apoio majoritário na sigla.
Nos cenários em que os dois tucanos foram testados juntos pelo Datafolha, Serra e Aécio, somados, praticamente empatam com Marina. Concorrendo sozinho, Serra se sai um pouco melhor que Aécio, que não consegue atrair todos os votos de Serra com o rival fora da disputa.
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR), vice-presidente do PSDB, disse que a sigla deveria ter realizado prévias para escolha de seu candidato em vez de abraçar a candidatura de Aécio no início do ano.
"A especulação de que Serra vai sair só provoca instabilidade. Em vez de dividir o partido, deveríamos promover a unidade", afirmou Dias.
O deputado Marcus Pestana (PSDB-MG), um dos principais aliados de Aécio, disse que a posição de Dias não reflete a da maioria do partido.
"Aécio conseguiu unir o PSDB", afirmou. "O fato é que uma eleição que era dada como certa agora está totalmente aberta. Está claro que o povo descartou a continuidade automática do governo Dilma como principal opção."
Mesmo entre os mais próximos do senador mineiro, há cobranças para que ele seja mais incisivo. "O que a pesquisa mostra é que todos os candidatos que não são Dilma Rousseff ou Marina Silva precisam falar mais com o povo", afirmou o deputado Sérgio Guerra (PSDB-PE).
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segunda-feira, 12 de agosto de 2013
FOLHA: Crescimento de Marina amplia tensão no PSDB
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