por : Kiko Nogueira
Um colega jornalista, correspondente americano no Brasil, escreveu no Twitter que iria observar um prazo de cinco dias antes de repercutir qualquer matéria da Globo sobre Lula — o mesmo tempo que se leva para comprar uma arma nos EUA.
A palhaçada da “confissão” sobre o mensalão, tirada da nova biografia de Mujica, durou poucas horas antes de ser desmentida, primeiro, por um dos autores, Andrés Danza, e depois pelo próprio Pepe. O trecho supostamente incriminador já era uma forçada de barra absurda.
Mas é engraçado o caminho do factoide. O G1 publicou o esclarecimento singelo de Danza, matando o Globo. A “notícia” já havia sido atirada no lixo e virado piada quando foi usada pelos suspeitos de sempre, destacando-se o PSDB e ele, o inacreditável Ronaldo Caiado.
Depois que Aécio tomou tento da ridiculice do pedido de impeachment, Caiado prossegue no papel agora solitário de cavaleiro da esperança da direita.
A despeito dos fatos, avisou que vai ingressar com um convite a Mujica e ao ex-vice Danilo Astori para colher mais informações sobre o caso. “A acusação é muito séria, até porque é a própria esquerda brasileira que trata Mujica como uma espécie de mártir e coloca sua índole acima de qualquer suspeita”, disse.
“Se ele diz que o ex-presidente Lula não só confirmou ter conhecimento sobre o mensalão, como admitiu que era a sua única forma de governar o país, isso coloca em xeque toda a tese que o inocentou do esquema”.
Caiado também mostrou sua dedicação à leitura de Olavo de Carvalho. “É o modelo adotado pelo Foro de São Paulo, financiado principalmente pelo Estado brasileiro e disseminado entre as lideranças de esquerda da América Latina”, afirmou.
No entanto, independentemente da estultice de RC, cada vez mais histérico e sem noção, seria interessante, no mínimo, ver Mujica dando explicações no Congresso brasileiro.
Para o Estadão, Mujica declarou nunca falou com”nenhum presidente ou com qualquer brasileiro sobre mensalão. E olha que já falei com muitos brasileiros.” Seria a primeira vez, portanto, que ele debateria o tema.
Uma introdução agradável ao que o Brasil tem de mais atrasado e estúpido. Aqueles parlamentares que você conhece, aquele horror, interrogando-o a respeito de um assunto que ele diz que não veio à baila com Lula. Para quem foi torturado, um passeio no parque.
O ex-presidente uruguaio emprestaria um pouco de seu brilho a uma casa povoada de oportunistas, golpistas e salafrários de todos os tipos. Topa, Mujica!
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