Os reais culpados pelo descrédito do STF são os próprios juízes.
Uma das teses mais idiotas que circulam nos círculos de sempre no Brasil afirma haver uma “tentativa de desmoralização” do STF.
Vocês me dão uma pausa para risada?
Ora, não existe propósito em desperdiçar tempo e energia para desmoralizar nada que se autodesmoralize.
Ou alguém afirma que Fux, para ficar num caso, é vítima de uma campanha?
É mentira que ele:
1)Procurou Dirceu?
2)Admitiu que se encontrou com ele em sua campanha patética por uma
vaga no Supremo, mas afirmou não saber que Dirceu era réu do Mensalão?
3)Julgou casos em que estava envolvido o escritório de um velho amigo
que, não bastasse este vínculo de camaradagem, é patrão de sua filha,
num monstruoso conflito de interesses?
Isto se chama “autodesmoralização” em grande escala.
Saiamos de Fux e examinemos seu chefe, Joaquim Barbosa.
Qual a atitude de Barbosa sobre o comportamento de Fux?
Seria muito esperar uma admoestação sobre a busca frenética de apoio
político. Afinal, o próprio JB tem uma história não muito edificante
neste capítulo. Pobre Frei Betto.
Mas sobre a conexão entre Fux e um grande escritório: nada a dizer? Nenhuma mensagem aos brasileiros?
O silêncio de JB neste assunto – e ele tem conversado com
jornalistas como Merval e Mônica Bérgamo para defender a si próprio –
é, também ele, desmoralizador.
Desmoraliza a ele mesmo e ao Supremo. (Acrescento aqui que
desmoraliza também os jornalistas que o entrevistaram, por deixarem de
fazer uma pergunta essencial.)
Gastar 90 mil reais na reforma de banheiros também não contribui para
elevar a imagem de JB, e muito menos ele ter chamado de “palhaço” o
repórter do Estadão que, ele sim, perguntara o que tinha que ser
perguntado.
É importante lembrar, quando se reflete sobre o mensalão e os recursos que vão aparecendo, que os brasileiros não conheciam as monumentais fragilidades dos integrantes do Supremo à época do julgamento.
Vigorava a crença, alimentada pela mídia, de que eram Catões.
A mídia “a serviço do Brasil” não dera a seus leitores as informações mínimas essenciais sobre a natureza real da principal corte brasileira.
Ora, estava escrito num livro de Frei Betto muito anterior ao
julgamento como JB chegou ao Supremo – mas nenhuma linha foi dedicada a
isso entre as milhares sobre o caso.
Ou não é importante saber que JB foi escolhido não pela excelência e sim porque Lula quis colocar um negro no Supremo?
Diante de tantas informações novas que mostram a face real dos juízes
que foram absurdamente incensados, é natural que cresça a pressão para
que todos os recursos cabíveis sejam analisados do jeito que devem ser, no Brasil ou no direito internacional.
Havia, antes do julgamento, pistas sobre a debilidade dos juízes, é verdade. Mas eram apenas pistas.
Uma que julgo particularmente forte foi dada por Marco Aurélio Mello.
O discurso que ele fez em maio de 2006, ao assumir a presidência do Tribunal Superior Eleitoral, é revelador.
Vou selecionar duas frases que valem por mil:
1) “Não passa dia sem depararmos com manchete de escândalos.”
2)“Perplexos, percebemos, na simples comparação entre o
discurso oficial e as notícias jornalísticas, que o Brasil se tornou um
país do faz-de-conta.”
O que está dito aí é que Mello tomou como absolutamente verdadeiras as notícias que leu num momento de acachapante vale tudo jornalístico em que todas as fronteiras éticas foram cruzadas.
O símbolo dessa era foi uma capa da Veja em que se publicou um dossiê com a informação de que Lula tinha milhões no exterior . Ah, sim, os leitores entre vírgulas foram avisados de que a revista não conseguira confirmar nem desmentir uma informação de tamanha gravidade.
Foi o boimate na versão política.
Crer cegamente na imprensa – nas manchetes – como Mello pode levar a erros brutais.
E não só no Brasil.
Nos dez anos da Guerra do Iraque, há algumas semanas, a mídia
americana foi obrigada a enfrentar os erros colossais que cometeu na
época.
O maior deles – que representou o apoio a um ataque que acabaria por
destruir virtualmente um país inteiro – foi afirmar que o Iraque tinha,
como dissera Bush, “armas de alto poder de destruição”.
Não tinha.
Olhando para trás, as marcas da precariedade do Supremo já estavam
impressas naquele bestialógico de 2006 – aliás saudado como “discurso
histórico” por alguns colunistas

Pesquisar este blog
ABOUT.ME
sexta-feira, 26 de abril de 2013
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Reuters: Top News
- S&P 500 closes nominally higher amid COVID-19 spikes, muted data - 6/18/2020
- Trump unfit to be U.S. president, Democrat Pelosi, conservative Bolton agree - 6/18/2020
- Trump pledges new list of conservative Supreme Court contenders - 6/18/2020
- Mexico's foreign ministry says it will monitor U.S. DACA program developments - 6/18/2020
- U.S. Senate votes to confirm McConnell protege to influential appeals court - 6/18/2020
Reuters: World News
Reuters: Arts
- Artists paint New York shops boarded up after looting to raise hope - 6/18/2020
- Filmmaker Ava DuVernay aims to hold police accountable through art - 6/18/2020
- Grief over virus deaths sets Hungarian artist on darker course - 6/18/2020
- Brussels adds George Floyd memorial to large mural collection - 6/18/2020
- Ukrainian lawmaker says he has Gutenberg Bible fragment in his private collection - 6/18/2020
Reuters: Sports News
Reuters: People News
- Kelly Clarkson, Zac Efron to get stars on Hollywood Walk of Fame - 6/18/2020
- Kaepernick joins Medium, will create content on race and civil rights - 6/18/2020
- U.S. actor Danny Masterson charged with raping three women - 6/17/2020
- Stormzy pledges 10 million pounds to black causes over the next decade - 6/11/2020
- Author of 'How to Be An Antiracist' urges action to support policy - 6/11/2020
Nenhum comentário:
Postar um comentário