A mídia mundial inveja bem-estar brasileiroby bloglimpinhoecheiroso |
Via Brasil 247
O estado de bem-estar brasileiro estampa a edição do dia [21/5] do principal jornal de economia do planeta, o Financial Times.
O Brasil, afinal, cresceu 1% no primeiro trimestre, o dobro da elevação
da economia japonesa, elogiada no mundo dos países ricos pela elevação
de 0,5% no mesmo período. Um por cento que vale por muito mais, à medida
que a Europa apresentou no mesmo período o sexto trimestre consecutivo
de crescimento negativo, ou seja, 18 meses com os pés e as mãos da zona
do euro atolados na recessão.
O Brasil, para chamar a atenção do Financial Times,
criou 200 mil empregos no mês de abril, apontando para um segundo
semestre de economia animada, enquanto países como Espanha e Portugal
mantêm-se ancorados em taxas de desemprego de dois dígitos. Em razão de
programas assistenciais como o Bolsa Família, que contribuiu
decisivamente para tirar 40 milhões de brasileiros do estado de miséria,
não há, no Brasil dos últimos dez anos, cenas comparáveis às batalhas
campais de cidadãos gregos contra suas forças de segurança, em protesto
contra as políticas de austeridade determinadas para salvar a primeira
democracia do mundo da bancarrota econômica.
O FT
com sua redação de alto gabarito deve ter se interessado, ainda, pela
taxa brasileira de inflação que se mantém na meta estipulada pelo Banco
Central, apurada em 6,9% nos últimos 12 meses, associada à criação de
4,1 milhões de empregos formais desde janeiro de 2011, quando tomou
posse o governo da presidente Dilma Rousseff. Um número, repita-se, de
4,1 milhões de novos empregos repleto de contratações de estrangeiros,
expulsos, na prática, de uma Europa deprimida e sem coragem para mudar
sua política econômica.
No entanto, apesar do quadro objetivo, o vetusto Financial Times
fez foco na economia brasileira como um corvo olha para a carniça que
lhe interessa, de maneira invejosa e predadora. Porque, diz a
editorializada matéria do FT, o estado de bem-estar brasileiro seria apenas e tão somente de fachada, ou, como se diz aqui, para inglês ver.
Nada
mais falso. Instalado no coração da crise, na City londrina da Libor
desmoralizada (a secular taxa de juro inglesa está sendo trocada por
outro indexador, ainda a ser criado, em razão da manipulação fraudulenta
sofrida pela ação ilícita de bancos locais), o Financial Times
pendurou a humildade junto com suas galochas e segue acreditando ser
capaz de ministrar ao mundo as fórmulas ultrapassadas que não estão
dando certo nem nos perímetros avistados de seus janelões – quanto mais
além mar.
Hoje, o FT versa
sobre a saída do secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson
Barbosa, já em férias. A aposta, mais uma vez, não corre pelo lado
positivo, a partir do ponto óbvio da permanência do titular Guido
Mantega, mas da pior hipótese, como perda do melhor quadro entre os
auxiliares do ministro. Um texto feito para dividir e intrigar. De
resto, um texto ultrapassado, porque a silenciosa saída de Barbosa do
governo não provocou nenhum abalo interno, como muitos gostariam, mas
consumou-se como um episódio natural em qualquer governo, onde os
divergentes, sem formar consenso ou maioria, perdem e saem. Como disse o
professor de Harvard Dani Rodrick, em passagem pelo Brasil na semana
passada, “este é um país normal, o que nos dias de hoje significa muita
coisa”.
Buscar
humildade num jornalista, inglês ainda por cima, curvado a uma das
realezas mais caras e empoeiradas do mundo, nunca é fácil. Mas pelo
visto, na redação do Financial Times, a missão é mesmo
impossível. Todos os números, projeções e retrospectivas mostram que a
experiência brasileira de aposta no mercado interno como sustentação do
crescimento tem dado certo até aqui. Por mais que quem esteja de fora
não a entenda ou, simplesmente, pelo desvão do velho e sempre presente
imperialismo, não as queira compreender e, como seria correto, admirar.
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