René Amaral
Mais uma vez esse ano tenho que conviver com sentimentos conflitantes. Detesto me alegrar com o sofrimento alheio. Mesmo no futebol, quando meu fluzão ganha, como foi com o Coritiba em 2009, fico penalizado com o adversário. Afinal, se não minha alegria, pelo menos meu alívio de ver meu timinho permanecer na primeirona, entra em rota de colisão com o espetáculo de tristeza do adversário. Quando é de goleada então, meu coração fica pequenininho, não gosto de tripudiar sobre o adversário.
Mas com o inimigo o assunto é outro.
Quando morreu ACM eu soltei fogos, da mesma forma que quando morreu Reagan. Eles não são adversários, alguém que o destino colocou do outro lado da mesa, ou do campo, ou quadra, e que podia ser qualquer um, dependendo da tabela da disputa. O inimigo é diferente, ele se colocou em oposição a você, ou ao que você acredita. Ele tomou atitudes que você execra; ele perseguiu, torturou e matou (ou defendeu quem o fizesse) alguém, ou alguéns, só por que dele discordavam, ou a ele se opunham.
Eles tem famílias, eu sei!
Famílias que vão sofrer com a ausência do ente querido. Mas não são exatamente essas famílias que tiveram suas condições melhoradas em detrimento das famílias que perderam seus entes, também queridos, pela interferência mesmo que indireta daqueles que ora se vão? Então eu, com o coração apertado pela vileza de minha natureza humana e passional, celebro.
Celebro com estardalhaço, triunfante de ver que a natureza é sábia, que caixão não tem gaveta, ou HD, para levar para o além a riqueza e a proeminência criminosa alcançada às custas do sofrimento alheio. Celebro a condição da finitude humana, que se não corrige os males, a eles põe fim, como um dia fará comigo, também, para a alegria de alguns e tristeza de outros.
Mais uma vez esse ano tenho que conviver com sentimentos conflitantes. Detesto me alegrar com o sofrimento alheio. Mesmo no futebol, quando meu fluzão ganha, como foi com o Coritiba em 2009, fico penalizado com o adversário. Afinal, se não minha alegria, pelo menos meu alívio de ver meu timinho permanecer na primeirona, entra em rota de colisão com o espetáculo de tristeza do adversário. Quando é de goleada então, meu coração fica pequenininho, não gosto de tripudiar sobre o adversário.
Mas com o inimigo o assunto é outro.
Quando morreu ACM eu soltei fogos, da mesma forma que quando morreu Reagan. Eles não são adversários, alguém que o destino colocou do outro lado da mesa, ou do campo, ou quadra, e que podia ser qualquer um, dependendo da tabela da disputa. O inimigo é diferente, ele se colocou em oposição a você, ou ao que você acredita. Ele tomou atitudes que você execra; ele perseguiu, torturou e matou (ou defendeu quem o fizesse) alguém, ou alguéns, só por que dele discordavam, ou a ele se opunham.
Eles tem famílias, eu sei!
Famílias que vão sofrer com a ausência do ente querido. Mas não são exatamente essas famílias que tiveram suas condições melhoradas em detrimento das famílias que perderam seus entes, também queridos, pela interferência mesmo que indireta daqueles que ora se vão? Então eu, com o coração apertado pela vileza de minha natureza humana e passional, celebro.
Celebro com estardalhaço, triunfante de ver que a natureza é sábia, que caixão não tem gaveta, ou HD, para levar para o além a riqueza e a proeminência criminosa alcançada às custas do sofrimento alheio. Celebro a condição da finitude humana, que se não corrige os males, a eles põe fim, como um dia fará comigo, também, para a alegria de alguns e tristeza de outros.
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