247 – Quando a cúpula do PMDB chegou ao Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff já imaginava qual seria o tom da conversa. O vice Michel Temer e os presidentes do Senado e da Câmara, Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves, reportaram a Dilma que a insatisfação com seu governo ultrapassa as fronteiras do PMDB e atinge todos os partidos aliados – o pode comprometer a unidade da coligação, com prejuízos à articulação de 2014.
Além disso, disseram que a antecipação da disputa presidencial precipitou os embates nos Estados. Em consequência, os congressistas passaram a se preocupar com suas próprias reeleições. Como se sentem desprezados pelo governo, reagem criando dificuldades para o governo no Legislativo. Para complicar, o PT é adversário dos “aliados” em vários Estados.
Segundo o blogueiro Josias de Souza, um capa preta do PMDB disse: “Se ainda desconhecia a realidade, algo em que não creio, a presidente agora já não pode alegar que não conhece o quadro. O clima na base de apoio ao governo é de pré-rebelião. Há tempo para resolver. Mas é preciso ter vontade. Se não tiver, os problemas tendem a se tornar mais graves. Se a crise econômica apertar, a fidelidade ao governo vai afrouxar e o caldo pode entornar. Se isso acontecer, ninguém poderá dizer que foi por falta de aviso.”
Ciente do problema, a presidente tentou demonstrar alguma iniciativa. Falou que era hora de "harmonizar" as relações com o partido e se comprometeu a enviar um número menor de medidas provisórias ao Congresso.
Na semana passada, Renan se recusou a votar a MP que garantia descontos na conta de energia alegando que o Senado teve pouco tempo para apreciá-la, uma reclamação recorrente na Casa.
A presidente citou o Código de Mineração que, em vez de MP, será enviado por meio de projeto de lei, o que permitirá que deputados e senadores tenham mais tempo para discutir o assunto.
Dilma também se comprometeu a receber mais vezes os presidentes dos Poderes e a participar mais de perto das negociações políticas do Congresso.
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