Vivo
fosse e estivesse aqui ao meu lado nesta tarde domingueira do novo
Maracanã, Nelson Rodrigues, o cronista esportivo, esqueceria o jogo,
como de costume, e cutucaria a todos nós, observando apenas a torcida:
“Não há um só desdentado, só gente com saúde dentária de artista de cinema”.
Óbvio que a saúde bucal do brasileiro melhorou um pouco desde a morte
do tio Nelson, em 1980. A visão rodriguiana, no entanto, está valendo,
certíssima, justíssima -só a turma bacana teve acesso ao Brasil 2×2
Inglaterra.
N.R. usou essa imagem inicialmente para falar da histórica “passeata
dos cem mil”, em 1968, um dos maiores protestos contra a ditadura
militar, aqui no Rio. Depois aplicou a mesma em variadas situações e
entrevistas. Tio Nelson era um escritor de geniais e repetidíssimos
mantras.
Voltemos aqui ao Maraca, ô psit.
Só gente com saúde dentária de artista de cinema, meu caro amigo
Halley (Bó) Maroja, o melhor odontólogo de Caruaru, portanto de
Pernambuco, logicamente do Brasil, ora pois.
Pior é saber que a política sorridente de exclusão não é um pecado
exclusivo da praça esportiva carioca. É e será a lógica excludente não
só do MaracanaX –o “x” fica por conta da administração do Eike Batista.
É o esquema Fifa que vale para todas as novas arenas: Pernambuco,
Mineirão, Castelão, Fonte Nova, Beira Rio, Brasília, Itaquerão etc.
Do velho estádio Mário Filho, homenagem ao irmão e guru do
supracitado e amado Nelson Rodrigues, o Maracanax não tem nada. Minto.
Reapareceu aqui hoje, lindamente, a bandinha dos Fuzileiros Navais
executando o hino do lábaro estrelado. Gostei. Foi bonito. Palmas.
O estádio, digo, a arena, é uma beleza, claro que uma beleza na nossa
visão colonizada do que convencionamos a imitar os europeus em matéria
de futebol e arquitetura etc. Coisa de primeiro mundo, como o Brasil
aprendeu a dizer na Era Collor.
Por que imitar os projetos de arenas, ops, estádios de Itália e
Alemanha, por exemplo? O que acham meus leitores arquitetos, é bonito?
Só voltando mesmo ao velho N.R.: O subdesenvolvimento não se improvisa. É fruto de séculos”.
Maracanã, adeus.
Se fosse só o ingresso a mais de 100 por hora, a 500…
Pense no cachorro quente, um bicho frio da peste que não chega aos
pés do “comeu-morreu” da Pracinha do Diário, no Recife, a quase dez
mirréis. Sequer alcança a excelência do hot-dog da Cascatinha, na rua 7,
no mesmo Hellcife.
Pense num mate, como reclamavam os cariocas que amam essa bebida, na
mesma pegada da carestia da moléstia. Água, então, caro Monsueto, só na
hora da sede extrema amorosa, só pra agradar a donzela… a fonte secou!
Cadê o ladrão que não vê uma polícia dessas!?
Existo, logo dialogo aqui com o amigo Marcus Galiña. Tudo que o
governo federal conseguiu incluir de Lula para cá foi excluído com a
política das Arenas. Quem sempre frequentou estádios, adeus, está fora
doravante. O futebol como simbólico. Tem algo mais representativo para o
brasileiro?
Perdeu, nova classe C, ganhou playboy. Nas arenas a moral é essa. Se liga gerência simbólica do governo!
Repito: levando em conta que o futebol representa o que há de mais popular na cultura brasileira… Puta derrota da massa!
Será? É apenas um cutucão que recebi do tio Nelson, nesta tarde no
ex-Maraca. Começa agora, com vocês, damas & cavalheiros, a
verdadeira mesa redonda ai nos comentários.
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