sexta-feira, 3 de maio de 2013
Porque eles bajulam a mídia
Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
Um fenômeno político vem se materializando e precisa ser muito bem avaliado, pois começa a se tornar preocupante. Políticos de variadas tendências – alguns deles, supostamente aliados do governo Dilma – vêm deixando ver que estão em busca de construírem para si uma rede de proteção midiática como a de Fernando Henrique Cardoso e José Serra.
De fato, se não fosse a hecatombe social e econômica que os dois políticos tucanos legaram ao Brasil após sua desastrosa passagem pelo governo federal entre 1995 e 2002, seriam eleitoralmente imbatíveis graças à rede de proteção supracitada.
Por outro lado, sem o apoio que FHC e Serra recebem da mídia, provavelmente teriam dificuldade até em aparecer em público, dado o mal que causaram a este país com a privataria tucana – que vendeu 100 bilhões de dólares de patrimônio público a preço de banana e sumiu com os recursos – e com a depressão social e econômica que adveio daquele processo.
Com o apoio primordial de grandes grupos de mídia como Organizações Globo, Grupo Folha, Grupo Estado e Editora Abril, aqueles tucanos conseguem se manter politicamente vivos, ainda que com a musculatura eleitoral irreversivelmente depauperada.
O PSDB, da mesma forma que FHC e Serra, só existe, ainda, por ação de uma mídia que, em mais de uma década, a cada enfrentamento que os tucanos tiveram com o PT ficou ao lado deles – ninguém conseguirá citar uma só vez em que a mídia tenha dado razão ao PT e ficado contra o PSDB.
Ainda assim, vale dizer que o partido, no âmbito federal, encolhe sem parar eleição após eleição.
O reverso dessa moeda é o poder de intimidação da mídia. Apesar de ela não estar conseguindo mais determinar ao povo em quem votar nas eleições mais importantes, ainda tem poder para causar graves danos a membros de grupos políticos de forma isolada – com a conhecida exceção de Lula, quem a mídia não consegue desmoralizar.
Vale dizer que, devido à desmoralização em que esses veículos já mencionados mergulharam junto ao eleitorado eles podem não conseguir votos, mas conseguem criar problemas com a Justiça para quem quiserem, bastando uma denúncia infundada. E o que é pior: conseguem até condenações (vide o julgamento do mensalão).
Por conta disso, políticos até então tidos como governistas, pensando em agregar à própria musculatura eleitoral os anabolizantes midiáticos, ou por medo de serem complicados com a Justiça, passam a se ajoelhar diante desses grandes meios de comunicação.
Os presidentes da Câmara e do Senado, Henrique Alves e Renan Calheiros, estão entre os que vêm mudando discursos e tomando medidas para não entrarem em choque com as famílias midiáticas Marinho, Frias, Mesquita e Civita, entre outras.
Mudaram de posição no caso dos deputados cassados pelo STF durante o processo do mensalão, brecaram tramitação de projetos como o que retirava poder do mesmo STF, impediram a convocação por uma CPI de um diretor da Veja envolvido na rede criminosa de Carlinhos Cachoeira, e por aí vai.
Outro exemplo notório de político que está se deixando embalar pelo canto da sereia midiático é o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que se prepara para atraiçoar o grupo político petista, o mesmo que lhe deu as condições para realizar uma revolução social e econômica em seu Estado.
Como se não fosse bastante, até um petista histórico acaba de cometer um dos atos mais patéticos de servilismo e bajulação que se possa imaginar. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, chegou ao ponto de escrever um texto para a Folha de São Paulo em que mente de forma inequívoca ao negar que o jornal tenha sido cúmplice da ditadura militar.
Poder-se-ia, ainda, falar de Marina Silva, quem, ao sair do governo Lula direto para a oposição ainda em 2010 e sem um único motivo claro, tornou-se um “fenômeno” eleitoral que levou a eleição presidencial daquele ano ao segundo turno. E que até hoje vem sendo incensada por esses meios de comunicação.
Mas o ato mais inominável de bajulação midiática e de traição política partiu do deputado pelo PDT paulista Paulo Pereira da Silva, o “Paulinho da Força”. Presidente de central sindical, em discurso na última quarta-feira, 1º de maio, deu mais um passo para pular do barco governista e cair no tucano-midiático.
Qualificar de molecagem o que fez o tal “Paulinho”, é bondade. Foi um crime de lesa-pátria o que ele cometeu ao propor um “gatilho salarial” por conta de a inflação ter ultrapassado em 0,09 ponto percentual a meta acumulada em 12 meses, de 6,5%.
Como se sabe, a mídia – com inequívocos motivos político-eleitorais – vem tentando vender à sociedade que haveria um processo inflacionário descontrolado no Brasil. Eis que o tal Paulinho vem jogar água no moinho midiático ao propor uma medida que existiu à época da hiperinflação, quando esta chegava a 30% ao mês em vez dos atuais 6,59% ao ano.
O que Paulinho fez pode causar sérios danos à economia, intoxicando o que em economês é chamado de “expectativas inflacionárias”.
Nos casos desses políticos acima mencionados, a vassalagem aos barões da mídia vem dando resultados. Alves e Calheiros, que se elegeram sob bombardeio da mídia, foram deixados em paz. Campos e Marina viraram xodós da mídia. Paulinho, certamente começará a obter benesses midiáticas. Mercadante pode não conseguir favores, mas deverá ser deixado em paz.
Os barões da mídia, portanto, encontraram uma forma de preservar seu poder político: a chantagem e o suborno. E o pior é que parece que está dando certo.
Um fenômeno político vem se materializando e precisa ser muito bem avaliado, pois começa a se tornar preocupante. Políticos de variadas tendências – alguns deles, supostamente aliados do governo Dilma – vêm deixando ver que estão em busca de construírem para si uma rede de proteção midiática como a de Fernando Henrique Cardoso e José Serra.
De fato, se não fosse a hecatombe social e econômica que os dois políticos tucanos legaram ao Brasil após sua desastrosa passagem pelo governo federal entre 1995 e 2002, seriam eleitoralmente imbatíveis graças à rede de proteção supracitada.
Por outro lado, sem o apoio que FHC e Serra recebem da mídia, provavelmente teriam dificuldade até em aparecer em público, dado o mal que causaram a este país com a privataria tucana – que vendeu 100 bilhões de dólares de patrimônio público a preço de banana e sumiu com os recursos – e com a depressão social e econômica que adveio daquele processo.
Com o apoio primordial de grandes grupos de mídia como Organizações Globo, Grupo Folha, Grupo Estado e Editora Abril, aqueles tucanos conseguem se manter politicamente vivos, ainda que com a musculatura eleitoral irreversivelmente depauperada.
O PSDB, da mesma forma que FHC e Serra, só existe, ainda, por ação de uma mídia que, em mais de uma década, a cada enfrentamento que os tucanos tiveram com o PT ficou ao lado deles – ninguém conseguirá citar uma só vez em que a mídia tenha dado razão ao PT e ficado contra o PSDB.
Ainda assim, vale dizer que o partido, no âmbito federal, encolhe sem parar eleição após eleição.
O reverso dessa moeda é o poder de intimidação da mídia. Apesar de ela não estar conseguindo mais determinar ao povo em quem votar nas eleições mais importantes, ainda tem poder para causar graves danos a membros de grupos políticos de forma isolada – com a conhecida exceção de Lula, quem a mídia não consegue desmoralizar.
Vale dizer que, devido à desmoralização em que esses veículos já mencionados mergulharam junto ao eleitorado eles podem não conseguir votos, mas conseguem criar problemas com a Justiça para quem quiserem, bastando uma denúncia infundada. E o que é pior: conseguem até condenações (vide o julgamento do mensalão).
Por conta disso, políticos até então tidos como governistas, pensando em agregar à própria musculatura eleitoral os anabolizantes midiáticos, ou por medo de serem complicados com a Justiça, passam a se ajoelhar diante desses grandes meios de comunicação.
Os presidentes da Câmara e do Senado, Henrique Alves e Renan Calheiros, estão entre os que vêm mudando discursos e tomando medidas para não entrarem em choque com as famílias midiáticas Marinho, Frias, Mesquita e Civita, entre outras.
Mudaram de posição no caso dos deputados cassados pelo STF durante o processo do mensalão, brecaram tramitação de projetos como o que retirava poder do mesmo STF, impediram a convocação por uma CPI de um diretor da Veja envolvido na rede criminosa de Carlinhos Cachoeira, e por aí vai.
Outro exemplo notório de político que está se deixando embalar pelo canto da sereia midiático é o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que se prepara para atraiçoar o grupo político petista, o mesmo que lhe deu as condições para realizar uma revolução social e econômica em seu Estado.
Como se não fosse bastante, até um petista histórico acaba de cometer um dos atos mais patéticos de servilismo e bajulação que se possa imaginar. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, chegou ao ponto de escrever um texto para a Folha de São Paulo em que mente de forma inequívoca ao negar que o jornal tenha sido cúmplice da ditadura militar.
Poder-se-ia, ainda, falar de Marina Silva, quem, ao sair do governo Lula direto para a oposição ainda em 2010 e sem um único motivo claro, tornou-se um “fenômeno” eleitoral que levou a eleição presidencial daquele ano ao segundo turno. E que até hoje vem sendo incensada por esses meios de comunicação.
Mas o ato mais inominável de bajulação midiática e de traição política partiu do deputado pelo PDT paulista Paulo Pereira da Silva, o “Paulinho da Força”. Presidente de central sindical, em discurso na última quarta-feira, 1º de maio, deu mais um passo para pular do barco governista e cair no tucano-midiático.
Qualificar de molecagem o que fez o tal “Paulinho”, é bondade. Foi um crime de lesa-pátria o que ele cometeu ao propor um “gatilho salarial” por conta de a inflação ter ultrapassado em 0,09 ponto percentual a meta acumulada em 12 meses, de 6,5%.
Como se sabe, a mídia – com inequívocos motivos político-eleitorais – vem tentando vender à sociedade que haveria um processo inflacionário descontrolado no Brasil. Eis que o tal Paulinho vem jogar água no moinho midiático ao propor uma medida que existiu à época da hiperinflação, quando esta chegava a 30% ao mês em vez dos atuais 6,59% ao ano.
O que Paulinho fez pode causar sérios danos à economia, intoxicando o que em economês é chamado de “expectativas inflacionárias”.
Nos casos desses políticos acima mencionados, a vassalagem aos barões da mídia vem dando resultados. Alves e Calheiros, que se elegeram sob bombardeio da mídia, foram deixados em paz. Campos e Marina viraram xodós da mídia. Paulinho, certamente começará a obter benesses midiáticas. Mercadante pode não conseguir favores, mas deverá ser deixado em paz.
Os barões da mídia, portanto, encontraram uma forma de preservar seu poder político: a chantagem e o suborno. E o pior é que parece que está dando certo.
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