247 – O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, do PT, abriu a reunião do Conselho da Cidade com a participação do Movimento Passe Livre – organizador das marchas estudantis contra o reajuste nas tarifas de ônibus – deixando uma janela aberta para uma volta atrás no aumento de R$ 0,20. "Há uma decisão política a ser tomada", disse ele. "Qualquer que seja a decisão, de manter, aumentar ou baixar a tarifa, tudo isso só varia em graus o impacto no orçamento", explicou. Ele comparou o modelo de cobrança de passagens de ônibus no Brasil com o vigente em países da Europa.
"Lá, o poder público arca com um terço do preço das passagens, os empresários com outro terço e o público com a outra parte", lembrou. "No Brasil, o empresário paga 10 por centro, o poder público arca com 20 por cento e o usuário arca com 70 porcento". "Se quisermos acelerar o passo (no sentido de aumentar o subsídio municipal sobre a tarifa), vamos ter de fazer algo sobre isso".
CONGELAMENTO - O prefeito lembrou que a proposta que o Movimento Passe Livre "nos traz é de redução do preço da passagem em R$ 3,00 e congelamento nesse valor até 2016". Para Haddad, a questão é saber o impacto que uma medida desse tipo teria no orçamento. "Estamos falando no congelamento ad aeternum, para todo o sempre, em R$ 3,00, até que um diz chegue a zero. Quero que a cidade compreenda o sentido dessa medida".
Após Haddad, a representante do Movimento Passe Livre chamada apenas de Mariana falou: "Se há uma pessoa que pode controlar essa revolta, essa pessoa é o prefeito. E o governador", disse ela, que classificou o transporte público de "caótico e indecente". Para ela, as autoridades se recusam ao diálogo. "O que queremos é a redução imediata da tarifa", disse. Ela chamou o prefeito para uma reunião na próxima quarta-feira, na sede do Sindicato dos Jornalistas, para, ali, exercer o poder de reduzir a tarifa dos ônibus.
CONCENTRAÇÃO HOJE ÀS 17H00 - Maiara falou em seguida. "Há uma questão que transcende esse conselho, que é a revogação do aumento da tarifa", disse ela. "As pessoas não tem paciência para conhecer planilha disso e daquilo, querem a revogação do aumento". Ela sublinhou seu discurso: "Os empresários têm lucros absurdos com o transporte. O sr., prefeito, tem de aproveitar esse movimento histórico para dizer aos empresários que o povo está na rua e não tem outra saída que não revogar as tarifas", disse ela, olhando para Fernando Haddad, do pulpito no salão do 7º andar da Prefeitura. "O movimento não está mais no nosso controle", completou. "O movimento continua, e continua em todo o Brasil, até a revogação".
"É claro que iriam aparecer outras pautas em torno do nosso movimento", disse Marina, terceira oradora do MPL. "Há muitas insatisfações, mas não queremos perder o foco: a revolta popular é em relação ao transporte".
José Maria de Almeida fechou os posicionamentos da MPL. "Se fossemos aplicar a inflação desde 1996 até aqui, a passagem custaria R$ 1,20", disse ele. Nas contas dele, 34% do transporte na cidade de São Paulo "é feito a pé, porque as pessoas não têm dinheiro para a tarifa". Ele sustentou que as passagens subiram, nos últimos dez anos, "mais de 300%, contra menos de 100 por cento da inflação". "O povo dessa cidade espera muito mais do senhor, prefeito", disse José Maria, ligado ao PSTU. "É perfeitamente possível revogar o aumento das passagens". Para José Maria, "há condição de haver tarifa ero, para isso basta parar de dar dinheiro para os empresários", afirmou.
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