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segunda-feira, 10 de junho de 2013

DO BLOG DO CARLOS MOTTA - BRILHANTE ARTIGO E DEDUÇÃO!

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Jornais e jornalistas, de mal a pior


Nunca vi, em mais de 40 anos de profissão, a imprensa brasileira passar por um momento tão ruim como este, com consequências catastróficas para os jornalistas - e para a própria democracia.
As redações da chamada grande imprensa estão minguando, o passaralho não perdoou nenhuma delas.
O encolhimento implica mais trabalho para quem não foi demitido e piora na qualidade do produto final - que já não é lá essas coisas.

Uma reflexão rápida aponta duas causas para esse desastre:
1) A imprensa deixou de fazer jornalismo e se converteu num partido político de oposição ao PT e seus aliados. Virar as costas para a realidade do país, transformar seus produtos em panfletos políticos ultraconservadores, tem sido péssimo negócio para as empresas de comunicação, que, paradoxalmente, são ajudadas pelo próprio governo que tanto odeiam com gordas verbas publicitárias.
2) A internet já não é mais o futuro, é o presente, é a plataforma que substitui o papel como suporte para as notícias. As publicações impressas vão desaparecer em pouco tempo - a geração atual praticamente nunca manuseou um jornal ou uma revista, mas domina todas as funções de um smartphone, de um tablet ou de um notebook. As empresas não conseguem migrar do papel para a internet, uma operação absolutamente lógica se vivessem no mundo real e não naquele de ilusão que criaram.
Mas se os jornais têm uma grande parcela de culpa nessa derrocada de seus produtos, cabe aos jornalistas uma autocrítica à sua atuação nesses últimos anos - a categoria, que sempre carregou fortes traços de personalidade pequeno burguesa, hoje é uma entidade inteiramente prostrada, castrada, sem culhões para absolutamente nada a não ser o mais extremado individualismo.
Os passaralhos certamente seriam menos intensos se os jornalistas alguma vez esboçassem algum tipo de reação a eles que não fosse se queixar do patrão no cafezinho, lamentar o emprego perdido pelo colega, e, por dentro, se sentir muito aliviado por não ter entrado na lista de cortes - mesmo que isso resulte numa jornada ainda mais fatigante e numa vida muito mais miserável.

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