247 - A pergunta é curta e grossa: Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho merece ser governador de São Paulo pela quarta vez? Esta questão será colocada aos eleitores mais uma vez, em outubro de 2014. Caso seja reeleito, Alckmin entrará para a história como o político que, por mais tempo, esteve à frente do estado mais desenvolvido do País. Algo com que o político conservador, nascido em Pindamonhangaba, não seria capaz de sonhar nem nos seus melhores devaneios juvenis. Desconhecido até a morte de Mário Covas, de quem era vice, em 2001, Alckmin poderá ser estudado no futuro como um dos casos mais raros de conquista e manutenção do poder após um acidente de percurso. Chegou lá por acaso e foi ficando, ficando, ficando.
Em 2014, um dos pontos centrais para o julgamento de sua gestão, será a eficácia da área da segurança pública. Até agora, a Polícia Militar de São Paulo tem-se mostrado corajosa e agressiva para enfrentar cidadãos, mas incapazes de combater o crescente problema da criminalidade. Para recordar, basta citar casos como a desocupação do Pinheirinho, a prisão de estudantes da USP, as agressões a professores em greve e, agora, a violenta repressão a um protesto que reclama contra o aumento das tarifas de ônibus. Na última quinta-feira, mais de 200 pessoas foram presas, dezenas ficaram feridos e 15 jornalistas foram agredidos enquanto realizavam seu trabalho - um repórter fotográfico, Sérgio Silva, da Futura Press, corre o risco de ficar cego.
Qual foi a resposta de Geraldo Alckmin? "Temos a melhor polícia do Brasil". Além disso, ele afirma que os protestos são de "natureza política" - o que não encontra amparo nos fatos, uma vez que uma pesquisa Datafolha, publicada hoje, aponta a avaliação do transporte público em São Paulo como a pior de todos os tempos.
Além disso, a "melhor polícia do Brasil", não tem sido capaz de conter a escalada da violência nem a percepção de insegurança por parte da população. No primeiro trimestre deste ano, houve 86.860 crimes violentos no Estado e os números não param de crescer desde 2010, quando Alckmin foi eleito. No primeiro trimestre daquele ano, houve 78.003 ocorrências, seguidas de 78.611 no ano seguinte e de 84.592 nos primeiros três meses de 2012. Neste ano, o salto foi de 10% e nada indica que a política de segurança do governo Alckmin esteja contribuindo para melhorar as estatísticas da violência.
Falha no combate ao crime, a polícia paulista também protagoniza cenas como as que foram vistas no mundo inteiro nos últimos dias. Spray de pimenta e balas de borracha atiradas contra manifestantes que, em sua grande maioria, tentavam protestar pacificamente contra uma causa que é justa. Afinal, o transporte público, que também é responsabilidade parcial do estado, envergonha o país.
Alckmin não vê nada de errado. Mas em 2014 será julgado por seus atos, suas palavras e, sobretudo, seus resultados.
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