247 – Há meses o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) tenta posar de grande defensor da liberdade de imprensa. Se olharmos sua agenda recente, encontraremos eventos como o do último dia 3, na Costa Rica, onde Joaquim Barbosa foi o principal orador da Conferência Internacional em Comemoração ao Dia Mundial pela Liberdade de Imprensa, promovida pela Unesco, braço de Educação da ONU. Antes disso, ele chegou a receber, em seu gabinete, o relator especial da ONU sobre Liberdade de Expressão, Frank de La Rue, e jornalistas que o entregaram um relatório do Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ) sobre a situação dos países americanos em relação às ameaças à liberdade de imprensa.
Nada mais correto para um presidente da Corte Suprema de um país, não fosse o seu comportamento contraditório. No início de março, Barbosa chamou de "palhaço" e mandou "chafurdar no lixo" o repórter do jornal O Estado de S.Paulo Felipe Recondo. Tudo porque ele tentava fazer perguntas sobre críticas feitas a Barbosa por entidades que representam os magistrados. As associações se incomodaram com a declaração do presidente do Supremo em uma entrevista coletiva, quando ele disse que os juízes brasileiros têm cultura pró-impunidade. Mas Barbosa se revoltou e não quis responder. Na presença de jornalistas de vários veículos, se voltou para Recondo, aos gritos: "Me deixa em paz, rapaz. Me deixa em paz. Vá chafurdar no lixo como você faz sempre".
Se Joaquim Barbosa não é capaz de receber tranquilamente uma simples pergunta sobre o Judiciário – a respeito de algo que ele próprio havia dito – difícil será discorrer sobre o tema do próximo evento que estará junto à imprensa. Em outubro, o ministro participará do 8º Congresso da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), no Rio de Janeiro, onde irá abordar a relação do judiciário com a imprensa e o desafio da cobertura jornalística sobre o assunto. O encontro acontecerá com outros dois eventos internacionais sobre jornalismo investigativo. Será que ele dará exemplos da relação da corte que ele preside com os jornalistas dos veículos brasileiros?
COMENTÁRIOS