Nesta história dada pela Folha de S.Paulo sobre a multinacional alemã Siemens ter delatado a existência de um cartel em licitações do Metrô de São Paulo, duas coisas chamam atenção, além, claro, da gravidade que a própria denúncia já representa: a tentativa do próprio jornal de esconder quem governava na época e o silêncio de Geraldo Alckmin e de José Serra.
Em resumo, o caso é este: a delação foi feita pela Siemens ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) sobre a existência de cartel, do qual a multinacional fazia parte, de empresas fornecedoras de equipamentos e serviços para o metrô. A Siemens participou de vários desses serviços. No fim da década de 90, atuou na construção da linha 5 (lilás), por exemplo, junto com a Alstom. Em 2000, foi contratada para fornecer dez trens, com a Mitsui, para a CPTM. A extensão da linha 2 e outras obras também estão sendo investigadas.
No cartel, empresas fazem combinações ilícitas que resultam em contratações com preços superiores aos praticados caso elas concorressem normalmente.
O que a Folha não diz é quem governava São Paulo nessa época, e que continua governando até hoje: os tucanos. Alckmin assumiu em 2001 e se mantém até hoje, com exceção do período em que Serra foi governador, a partir de 2007.
Na reportagem seguinte (que já ficou bem pouco destacada), o jornal nem sequer cita o PSDB, Alckmin ou Serra. Na matéria anterior, Alckmin apareceu apenas uma vez, no meio do texto, com uma declaração dada no início do mês dizendo que o governo daria informações e faria investigação própria. Só. Nada mais.
É bom lembrar também que a denúncia praticamente foi ignorada por outros veículos. O Estadão traz uma breve reportagem, também escondendo que Alckmin e Serra devem explicações.
Até agora, os dois estão em silêncio. A pergunta que não quer calar é onde estão o governador Alckmin e seu antecessor, José Serra?
O caso é grave demais para que fiquem em silêncio. É preciso investigar a fundo a história, com a possibilidade, inclusive, de uma CPI, dado o histórico de obstrução que o governo de São Paulo faz para impedir apurações do que não lhe interessa.
Ilustração: Lili
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