O que me impressionou não foi o índice alto de acessos à crônica publicada aqui sobre o casamento “Bastilha” no Copacabana Palace, mas a reação raivosa, odienta, sangue na boca, de tantos e tantos que se manifestaram e ainda se manifestam.
Isso se fez reforçar minha convicção de que o momento é extremamente grave, e precisamos ter consciência disso. O radicalismo está tomando conta do país. Digo mais: estamos às vésperas de entrar numa guerra civil.
Fomentado pela grande mídia, o ódio da classe média manifesta-se nas mídias sociais, nas ruas, nas cartas aos jornais, nos bares, nas conversas.
Num projeto golpista, temendo a continuidade do governo PT, uma mídia irresponsável, inconsequente, com sua curta visão, fez sua audiência acreditar que todos os males crônicos do Brasil advêm da era Lula.
Corrupção, crise hospitalar, deficiência de ensino, saneamento, mazelas que somam pelo menos cinco décadas de gestões sucessivas, se é que podemos chamá-las de “gestões”, são debitadas aos governos petistas, justamente aqueles que apresentaram e apresentam os melhores resultados no desenvolvimento econômico, na política externa, na qualidade de vida, na justiça social, no reconhecimento internacional, na distribuição da renda e tantos outros méritos.
Tanto fizeram, tanto insistiram, numa campanha tão poderosa, insidiosa, obstinada, continuada, que conseguiram chegar ao cenário que pretendiam: o país desmoralizado internacionalmente, a presidenta impopular, a economia em queda, manifestações nas ruas.
Cegos, imprevidentes, imprudentes, os donos desta mídia, os membros desta sigla, PIG, de Partido da Imprensa Golpista, acabam por dar o Golpe neles próprios, pois a primeira vítima é a própria mídia. Ela acendeu o fósforo, mas quem jogou a gasolina foi o Facebook, foi o Google. Só então a grande e forte mídia brasileira percebeu o quão é pequena e frágil, uma formiguinha, perto das redes sociais.
E deu no que deu: para cobrirem as manifestações, só com os repórteres no alto dos prédios,  dialogando com os cinegrafistas no alto dos helicópteros. Se chegassem às ruas, eram escorraçados, enxovalhados, linchados. Os microfones, pelados: não podiam exibir logo de emissora.
Daí que essa campanha que agora vemos em grandes jornais e redes de TV contra a espionagem americana não é por nacionalismo, é por interesses econômicos. Nossos big shots da imprensa abriram, enfim, os olhos e  se deram conta de que o Google já fatura 50 bi contra 120 bi da mídia mundial. É uma fatia muito grande, não?
Porém, o leite derramado está: como frear esse ódio, essa sede incontrolável de vingança contra os ricos, e de modo indiscriminado, misturando o joio e o trigo? Corruptos e íntegros? Tudo junto e misturado: dinheiro ganho por debaixo dos panos sujos e dinheiro conquistado sob o lenço encharcado do suor do trabalho.
Na hora da raiva generalizada, a riqueza dos outros é toda igual. Com a ódio vem o ressentimento das classes, das diferenças, da inveja, da ganância do bem do próximo. É o vale tudo de rua contra rua, bairro contra bairro, vizinho contra vizinho, parente contra parente, irmão contra irmão.
E quando, da classe média, esse ódio se alastrar até os pobres, os muito pobres, os miseráveis, os iletrados, quem vai conduzi-los? Quem tem liderança, neste momento, em nosso país? Quem são nossas lideranças?
Os movimentos nas ruas já mostraram que não há quem os guie. As centrais sindicais convocaram geral e foi um fiasco. Não lideram mais. Os movimentos estudantis, igual. Acomodaram-se nestes 10 anos de ante sala do poder. O PT, nem se fala, bem como os partidos aliados do governo. Acostumados a ser oposição desde sua origem, desmobilizaram suas bases e não as entusiasmam mais.
Os partidos de oposição, DEM, tucanos e correlatos, de elite, não têm liderança popular, nem sabem ter. Botam na rua, se muito, alguns gatos pingados. Agem na base da intriga dos punhos de renda, dos corredores, cochichando coisas nos ouvidos e celulares dos editores de revistas e colunistas de jornais. Não são povo.
As únicas lideranças com poder de mobilização no país na atualidade são: 1) O Crime Organizado.; 2) As Seitas Pentecostais (as Igrejas Evangélicas). Escolha seu líder…
O Crime Organizado já disse a que veio nas manifestações. São as milícias que vandalizam, a Polícia Federal já identificou. Há vídeo de policiais trocando a farda por roupas civis para em seguida se misturarem às passeatas. Na agitação em frente do Maracanã, no dia do jogo da Copa das Confederações, o grupo era de milicianos, a Polícia apurou.
Com o povo nas ruas, as milícias no Rio de Janeiro retomaram sua força, se reorganizaram. A ausência do secretário Beltrame neste processo está sendo vista, pelos observadores, como sua recusa de participar de qualquer tipo de “acordo” com essa turma para restabelecer a “ordem”.
Um retrocesso. É isso que a grande mídia do golpe conseguiu produzir para o país. O PIG. Manipulando a atração juvenil pelas ruas. Incensando, insuflando o ódio da classe média contra a classe operária, contra o analfabetismo dos “lulas”.  Projetando uma imagem desfocada da realidade nacional, ao atribuir aos governos do PT as mazelas absolutas e a primazia da corrupção da Nação em toda a sua História.
O PIG atirou no próprio pé. Se a palavra, em inglês, não significasse Porco, eu o chamaria de Burro.
Por tudo isso, recomendo muita calma nesta hora. Sugiro cautela. Bom senso, cabeça fria. O momento é tenso. Estamos às vésperas de o povo, o verdadeiro povão, embarcar nessa onda revoltosa, que poderá se transformar numa Tsunami avassaladora.
No Dia 7 de Setembro haverá uma manifestação nacional. Está sendo convocada. Vão tentar uma “Primavera Brasileira”. Depois disso, tudo poderá acontecer.