Pedagio12_Bessinha
Governador Alckmin esqueceu sua promessa de campanha e, mesmo congelando os preços por um ano, as tarifas ainda são muito altas.
Na campanha eleitoral de 2010, Geraldo Alckmin, então candidato do PSDB ao governo de São Paulo, prometeu que iria revisar o preço dos pedágios paulistas, que são os mais caros do Brasil. Já em abril deste ano o governo paulista baixaria a tarifa entre 10% e 20%. Isto custaria aproximadamente de R$6 bilhões a R$12 bilhões, o que poderia levar à prorrogação do prazo do contrato e a um contrato eterno, com altas taxas de lucro para as concessionárias em detrimento do bolso do cidadão paulista.
Alckmin esqueceu a sua promessa e resolveu congelar os preços por um ano, mas manteve as tarifas muito altas. Além do mais, para bancar o custo de aproximadamente R$500 milhões, o governador cortou em R$130 milhões os recursos para a Artesp, a cobrança do chamado eixo suspenso de caminhões, utilizar os créditos que o governo estadual tem referente a obras atrasadas, e por último a redução da receita de concessão, ônus fixo, a ser pago pelo governo estadual.
A receita de pedágio em 2011 chegou a R$6,8 bilhões e no ano passado foi de R$7,66 bilhões, ou seja, teve um crescimento de 12% de 2012, o que representa quase o dobro da inflação do período. Se tomarmos de 2010 a 2012, a receita cresceu 26,7% contra uma inflação de 14%, mostrando que talvez as concessionárias podem ter crescimento de sua receita mesmo com o congelamento da tarifa.
Obras vão atrasar ainda mais
O governo do Estado ao utilizar créditos sobre obras atrasadas para pagar às concessionárias a defasagem sobre o aumento congelado prejudica os moradores de muitas cidades, como a região entre Vargem Grande e Sorocaba, que espera há 11 anos pelas obras de duplicação da rodovia Raposo Tavares, que deveria ter sido feita em 2012, e que chegam a mais R$250 milhões.
Lucro das concessionárias subiu média de 66%
O lucro das concessionárias rodoviárias subiu de 2010 para 2012, em média, 66%, pulando de R4 963 milhões para R$1,6 bilhão. Já os investimentos, considerando as novas e antigas empresas do setor, cresceram 19%, ou seja, cresceram abaixo do valor arrecadado e por isso, em 2010 representava 24% da receita e agora em 2012 somente 22,6%, o que representa R4 120 milhões a menos.
Quanto ao lucro líquido há duas situações distintas.
As concessionárias antigas (os contratos são principalmente de 1998 a 2000) já passaram da fase de perdas dos primeiros cinco anos, quando os encargos são maiores. Integram esse grupo Autoban, Tebe, Viaoeste, Via Norte, Ecovias, Autovias, entre outras. E as concessionárias novas, que passaram a operar após 2008. Por exemplo, Ecopistas, que administra a Ayrton Senna e a Carvalho Pinto, Rodoanel e Auto Raposo Tavares.
As novas concessionárias, por estarem começando seus serviços, amargaram prejuízo de R$245 milhões em 2011 e R$124 milhões em 2012, ou seja, tiveram queda de 50% em seu déficit. Já as antigas concessionárias – que são a imensa maioria — superaram um ano de crise econômica com crescimento do lucro líquido em 38% frente a 2010, passando R$1,24 bilhão em 2010 para R$1,72 bilhão.
Desde que começaram a operar, o lucro líquido total das antigas concessionárias chegou a R$7,7 bilhões, capitaneados pela Autoban (R$2,27 bilhões), Ecovias (R$1,43 bilhão) e Via Oeste (R$986 milhões).
O maior crescimento do lucro líquido, de 2010 a 2012, ocorreu na Triângulo do Sol (+146%) e na Viaoeste (+ 57%).
A relação entre o patrimônio e o lucro líquido (indica o grau de rentabilidade das empresas) mostra que em 2010 ela chegou a 38% e em 2011 pulou para 54% e no ano passado chegou a 58%.
No mercado em geral, uma relação de 20% é fantástica. A melhor relação é a Viaoeste (96%) da Autoban (93%), Ecovias (47%), Triângulo do Sol (65%), Renovias (64%) e Centrovias (62%).
Investimentos em rodovias caem
Se o lucro das antigas concessionárias vai bem, os investimentos realizados nelas vai mal. Em 2009, foram gastos com novas construções R$684 milhões. Em 2010, essas despesas caíram R$646 milhões, em 2012, chegaram a R$456 milhões, representando um corte de R$190 milhões (–29,4%).
As maiores quedas de investimentos ocorreram na Autoban no valor R$251 milhões (64%) e na Viaoeste no valor de R$70 milhões (70%), na Centrovias (93%), Auto Raposo Tavares (24%) e Rota das Bandeiras com menos R$197 milhões (–58%). Já a Ecovias elevou os investimentos em 70%.
Manifestantes reivindicam redução do preço do pedágio
Na quarta-feira, dia 3, ocorreu o terceiro protesto de moradores do entorno da Rodovia Zeferino Vaz (SP332) contra o preço do pedágio cobrado entre as cidades de Paulínia e Cosmópolis. Os manifestantes reivindicam a redução do preço do pedágio, que atualmente custa R$6,20 para carro comum e R$3,10 para motocicleta, informou a concessionária.