DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO

PAULO NOGUEIRA

Em uma década, o Reino Unido conseguiu aumentar consideravelmente o número de médicos que atuam no país. O índice de dois profissionais por mil habitantes saltou para os atuais 2,8. No Brasil, a proporção é de 1,95.
Mas o feito inglês inclui uma receita que atualmente levanta polêmica entre brasileiros: a importação de médicos.
Atualmente, quase 40% dos quase 235 mil médicos registrados no Reino Unido são estrangeiros. Grande parte deles vem das 20 nações mais pobres do mundo, incluindo a Libéria – que possuiu 0,014 médico por mil moradores – e o Haiti. A Índia é o principal fornecedor para os ingleses, com 25 mil profissionais.
A “importação” de médicos é um fenômeno mundial que se acentuou nos últimos anos, estimulado por programas nacionais para suprir a falta desses profissionais. “O êxodo de médicos dos países pobres para os mais ricos é uma catástrofe para os países mais pobres e também um problema global”, afirma Otmar Kloiber, diretor da Associação Médica Mundial (WMA, sigla em inglês).
Kloiber aponta melhores condições de trabalho e de vida, além de melhores salários, como fatores que levam médicos a imigrar.
Esse déficit atinge diversos países – incluídos os desenvolvidos –, mas são os mais pobres que sofrem com a carência.
Além de formarem pouca mão de obra, as regiões mais carentes ainda perdem médicos para as nações mais ricas.
A África é o continente mais atingido: nessa região estão concentradas mais de 24% da carga global de doenças. Em contrapartida, o continente possuiu apenas 3% dos profissionais de saúde do mundo e menos de 1% dos recursos financeiros mundiais destinados ao setor.
Os Estados Unidos também são um grande importador. A cota de profissionais estrangeiros ultrapassa 25%. Uma grande parte deles vem de países como Índia, Canadá e do México.
O governo americano possui um programa especial para médicos, o Conrad 30, pelo qual esses profissionais recebem um visto de estudante se concordarem trabalhar três anos em uma região mais carente desse tipo de serviço.
A Noruega é outro exemplo de país que atrai mão de obra do mundo menos desenvolvido. Seu programa de importação de médicos é considerado um exemplo.
“Países escandinavos, especialmente a Noruega, têm excelentes programas para atrair médicos estrangeiros. Eles investiram muito no ensino da língua e na integração da família”, diz Kloiber.

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