Minha secretária Cléo chegou no trabalho chorando um dia desses. 

Sua filha tinha saído de casa sem se despedir.

Sua filha tinha pego todas as suas coisas enquanto ela estava comigo.

Sua filha não deixou nem um bilhete. 

Sua filha aproveitou a ausência para chamar o caminhão de mudança e fazer o frete em segredo. 

Sua filha limpou os armários e o quarto. Como uma ladra. Como uma desconhecida. 

Sua filha foi morar com o marido e não deu um único abraço de tchau. 

Toda uma vida sendo cuidada, sendo sustentada, sendo alimentada, sendo amada e nem um beijo de despedida. 

Nem um pedido de desculpa, nem um pedido de agradecimento.

Nem um aceno de mão na janela. 

Custava esperar a mãe voltar do serviço, custava explicar o que estava acontecendo, custava olhar nos olhos antes de seguir seu caminho?

Não há nada mais triste do que ser abandonado pelos filhos. 

Os filhos pensam que os pais estão contra eles. 

Os filhos pensam que os pais aguentam qualquer coisa.

Os filhos pensam que os pais superam tudo. 

Os filhos pensam que os pais já estão ultrapassados.

Os pais só pensam diferente, mas continuam amando igual. 

Por mais que doa, ninguém se torna adulto sem aprender a se despedir.

Toda mãe merece o adeus do filho. 

Ouça meu comentário na manhã de terça-feira (12/7) na Rádio Gaúcha, programa Gaúcha Hoje, apresentado por Antonio Carlos Macedo e Jocimar Farina: