Henrique Alves articula com Aécio Neves após voar ao Rio de Janeiro em jatinho da FAB
3/7/2013 14:24
O aprazível almoço entre o presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), antes do jogo da seleção brasileira contra os espanhóis, no Maracanã, teve uma conta mais salgada do que imaginava o político potiguar. Alves terá que reembolsar ao Erário a quantia relativa aos gastos da Força Aérea Brasileira (FAB) com o jatinho disponibilizado para ele viajar a esta capital junto com a noiva e familiares. E não sabe medir, ainda, o desgaste de sua imagem junto aos aliados, uma vez revelada a articulação dele com o principal adversário da presidenta Dilma Rousseff.
Alves admitiu a jornalistas, nesta quarta-feira, o seu erro ao permitir que sete parentes viajassem em sua companhia em um avião da Aeronáutica, para assistir ao jogo da seleção no Maracanã, neste fim de semana. O terceiro homem na hierarquia de comando do país tenta, agora, minimizar a repercussão dos fatos ao pedir que sua assessoria avalie, o quanto antes, o valor das passagens do Rio Grande do Norte ao Rio de Janeiro, para fazer o reembolso à União. A conta, segundo estimativas não oficiais, deverá chegar a mais de R$ 10 mil.
Viajaram com o deputado sete pessoas: a noiva, Laurita Arruda, dois filhos e um irmão dela, o publicitário Arturo Arruda, acompanhado da mulher Larissa, além do filho dele. Um amigo de Arturo conseguiu uma carona no voo de volta.
– Meu erro, e aqui eu reconheço, foi ter permitido que pessoas me acompanhassem pegando carona nesse voo para o Rio de Janeiro. Por esse erro, estou aqui reconhecendo e já mandei ressarcir o valor de cada passagem correspondente – disse nesta manhã, ao chegar à Câmara.
Apesar das evidências, Alves negou que a viagem faça parte de uma agenda de turismo no Rio. Segundo o deputado, ele foi recebido pelo prefeito da cidade, Eduardo Paes, na residência oficial, na Gávea Pequena, para discutir o cenário político do país. A reunião, no entanto, não foi divulgada na agenda oficial dos dois políticos, muito menos o almoço com o líder tucano de Minas Gerais, candidato à sucessão da presidenta Dilma Rousseff.
– Houve uma agenda previamente divulgada com o prefeito Eduardo Paes, que me recebeu para um almoço na Gávea Pequena, onde conversamos sábado pela manha – alega.
Alves não respondeu à pergunta de um repórter do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo, “se a medida não provoca mais desgastes à Casa diante das manifestações que sacudiram o país nas últimas semanas”, segundo texto publicado nesta quarta-feira.
O jato C-99 da FAB, conforme o Correio do Brasil confirmou junto a setores do Ministério da Defesa, buscou o deputado e seus convidados em Natal. Decolou às 19h30 de sexta-feira rumo ao Rio de Janeiro e retornou no domingo, às 23h, após o jogo do Brasil contra a seleção espanhola.
O sábado foi de festa, segundo apurou o jornal paulistano. “Todos aproveitaram para passear no Rio no sábado e, no dia seguinte, foram à final da Copa das Confederações, vencida pelo Brasil. O deputado e seus convidados usaram cadeiras destinadas a torcedores, e não às autoridades. Eles postaram fotos em redes sociais de dentro do estádio. No Twitter, Alves comemorou: “BRASIL, seleção nota 10! E a torcida tb, nota 10! O campeão voltou!!”, segue o texto.
“Sua noiva também: ‘O campeão voltou… Rouquidão de hoje compensada’, prossegue.
De acordo com o decreto 4244/2002, que disciplina o uso de aviões da FAB por autoridades, os jatos podem ser requisitados quando houver “motivo de segurança e emergência médica, em viagens a serviço e deslocamentos para o local de residência permanente”. O decreto não diz quem pode ou não viajar acompanhando as autoridades.
Nenhum comentário:
Postar um comentário